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O futuro da internet: Web3 e a nova era digital

por | 21 maio, 2025 | Futuro, inovação, Tecnologia

No 17 de maio, celebramos o Dia Mundial da Internet, um marco que nos convida a refletir sobre como essa tecnologia revolucionou o mundo e para onde ela caminha. Desde seus primeiros passos com a ARPANET até a promessa da Web3, a internet tem passado por transformações profundas. Com mais de cinco décadas de evolução, a internet se tornou um ecossistema vital para a comunicação, economia, ciência e cultura.

 

Da ARPANET à Web 2.0

A jornada da internet começou em 1969 com a ARPANET, um projeto militar dos Estados Unidos criado para manter comunicações seguras em tempos de guerra. Inicialmente limitada a universidades e centros de pesquisa, logo se expandiu para fins civis, transformando-se em uma rede global.

Nos anos 90, a criação da World Wide Web por Tim Berners-Lee inaugurou uma nova fase: a Web 1.0, marcada por páginas estáticas, sites institucionais e uma navegação basicamente passiva. Foi uma época de descoberta, onde portais como Yahoo e AOL dominavam a experiência online.

Além disso, essa fase inicial foi caracterizada por conexões discadas lentas, navegadores simples e uma internet que ainda estava longe de ser mobile. A navegação exigia paciência e familiaridade com um meio novo e em constante mudança. Ainda assim, a ideia de uma rede mundial de computadores plantou as sementes para a explosão digital que seguiria.

A virada para os anos 2000 trouxe a Web 2.0, um modelo mais dinâmico, onde os usuários deixaram de ser apenas consumidores e passaram a ser produtores de conteúdo. Redes sociais, blogs, fóruns e plataformas colaborativas como Wikipedia e YouTube redefiniram a maneira como nos relacionamos online. O acesso à internet foi facilitado pela popularização da banda larga e, depois, pelo avanço da internet móvel e dos smartphones.

Com isso, surgiram também preocupações com a centralização do poder em grandes plataformas como Google, Facebook, Amazon, entre outras, que passaram a controlar dados, algoritmos e fluxos de informação. A promessa de liberdade e diversidade deu lugar a bolhas de informação, vigilância massiva e monopólios digitais.

 

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A revolução da Web3

Nesse contexto, a Web3 surge como um movimento para recuperar os valores fundadores da internet: descentralização, transparência e autonomia. Essa nova fase da internet é baseada em tecnologias descentralizadas, especialmente o blockchain, que possibilita uma gestão de dados mais segura, auditável e resistente à censura.

Na Web3:

  • Os usuários têm controle direto sobre seus dados e identidades digitais;
  • Não há necessidade de intermediários para realizar transações financeiras ou validar contratos;
  • Aplicações são distribuídas (dApps), rodando em redes descentralizadas;
  • A governança é feita de forma colaborativa, via tokens e DAOs (organizações autônomas descentralizadas);
  • Propriedades digitais são registradas como NFTs, com rastreabilidade e autenticidade garantidas por código.

Plataformas como a Bluesky, apoiada por ex-membros do Twitter, exemplificam esse movimento, criando redes sociais baseadas em padrões abertos e interoperáveis. Outro exemplo é o Ethereum, um dos blockchains mais utilizados para dApps, contratos inteligentes e aplicações financeiras descentralizadas (DeFi).

Além disso, novas iniciativas buscam oferecer infraestrutura para a Web3 de forma mais acessível, como o IPFS (InterPlanetary File System), que permite armazenar arquivos de forma descentralizada, ou o protocolo Lens, voltado para redes sociais com soberania de dados.

No Brasil, projetos como o OriginalMy, que utiliza blockchain para registro de provas digitais e autenticação de documentos, mostram que a Web3 pode ter impacto direto em áreas como o direito, a educação e os negócios. Em outros países, como Estônia e Suíça, soluções governamentais baseadas em blockchain já estão sendo implementadas para identidade digital e votação eletrônica.

 

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Oportunidades e desafios

A Web3 promete transformar radicalmente os modelos de negócio, o acesso à informação e a como lidamos com identidade, finanças e propriedade digital. Para os profissionais de TI, isso representa uma oportunidade sem precedentes de construir soluções mais éticas, seguras e orientadas ao usuário.

 

Entre os principais benefícios:

  • Inclusão financeira com acesso a serviços sem depender de bancos tradicionais;
  • Autonomia digital ao permitir controle total sobre dados e identidade;
  • Segurança reforçada por sistemas criptográficos e auditáveis;
  • Transparência e rastreabilidade que aumentam a confiança entre partes;
  • Desintermediação: eliminação de agentes centralizadores que concentram poder econômico e de dados.

 

No entanto, os desafios não são poucos:

  • Escalabilidade: blockchains ainda enfrentam limitações técnicas para lidar com grandes volumes de dados e transações em tempo real;
  • Usabilidade: a complexidade das carteiras digitais, termos técnicos e interfaces não intuitivas afasta usuários iniciantes;
  • Regulamentação: a ausência de marcos legais claros em muitos países gera insegurança e barreiras à adoção;
  • Sustentabilidade: alguns modelos de consenso, como o Proof of Work, consomem enormes quantidades de energia, exigindo alternativas mais verdes como o Proof of Stake;
  • Riscos de segurança: hacks em contratos inteligentes, rug pulls e fraudes continuam sendo uma ameaça real.

A adoção em larga escala da Web3 também requer educação digital e acessibilidade, para que mais pessoas entendam como usar essas tecnologias de forma segura e eficaz. É preciso democratizar o conhecimento técnico e jurídico necessário para participar ativamente desse novo ecossistema.

 

E o Futuro?

A Web3 continua em sua infância, mas suas aplicações potenciais se estendem a diversas áreas além do setor financeiro. Na educação, certificados digitais em blockchain podem validar diplomas de forma imutável. Na saúde, dados médicos podem ser armazenados com segurança e acessados sob controle do paciente. No trabalho remoto, DAOs podem organizar equipes globais com governança participativa, redefinindo como empresas são estruturadas.

À medida que a tecnologia evolui, veremos também o surgimento de metaversos descentralizados, onde usuários poderão criar, negociar e viver experiências digitais sob seu próprio controle, sem a tutela de grandes corporações.

É provável que, nos próximos anos, a Web3 se torne uma camada invisível, mas essencial, da infraestrutura digital global — assim como a internet se tornou hoje. Para isso, será preciso colaboração entre desenvolvedores, governos, educadores e sociedade civil.

 

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O Papel dos Profissionais de TI

Diante desse cenário, os profissionais de tecnologia têm um papel estratégico e transformador. Eles não apenas acompanham a evolução da internet, eles a constroem diariamente. A Web3 exige novos conhecimentos técnicos em segurança da informação, criptografia, desenvolvimento de contratos inteligentes, arquitetura de blockchain, e também uma postura crítica frente ao impacto social da tecnologia.

Mais do que adotar novas ferramentas, os profissionais de TI precisam participar da redefinição dos princípios que guiam o desenvolvimento da internet. É necessário equilibrar inovação com responsabilidade, eficiência com inclusão, liberdade com ética.

As decisões tomadas hoje na infraestrutura da Web3 moldarão o futuro da internet nos próximos 30 anos. Por isso, é fundamental que o setor de tecnologia se envolva de forma ativa, colaborando para que essa nova era digital seja mais justa, transparente e sustentável para todos.

 

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Escrito por: Amanda Cotas

Graduanda em letras, comecei minha jornada na área como tradutora, e sempre em busca de novas experiências, hoje estou me desenvolvendo como redatora na Mazzatech. Uma ratinha de biblioteca desde criança, apaixonada pelas letras e pelo poder da comunicação, sempre tive um fascínio pela origem da linguagem e como ela influencia a sociedade em que vivemos.

Escrito por: Amanda Cotas

Graduanda em letras, comecei minha jornada na área como tradutora, e sempre em busca de novas experiências, hoje estou me desenvolvendo como redatora na Mazzatech. Uma ratinha de biblioteca desde criança, apaixonada pelas letras e pelo poder da comunicação, sempre tive um fascínio pela origem da linguagem e como ela influencia a sociedade em que vivemos.

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