A participação das mulheres na ciência tem sido uma luta constante, apesar dos avanços em igualdade de gênero nas últimas décadas.
Historicamente, a ciência foi um campo dominado por homens, e as mulheres enfrentaram barreiras significativas para poder estudar e fazer pesquisas. Porém, o cenário tem mudado, e a luta no setor científico continua.
A presença das mulheres na ciência
De acordo com dados da UNESCO, as mulheres representam apenas 30% dos cientistas em todo o mundo, e o número é ainda menor em cargos de liderança na ciência.
No Brasil, a participação feminina tem aumentado aos poucos, mas a representatividade ainda é baixa. Entre 2004 e 2020, houve um aumento modesto de 2% nos mestrados, 3% nos doutorados e 5% nas docências.
Além disso, a igualdade de gênero é alcançada em apenas 34% das áreas do conhecimento no Brasil, o que mostra que muito ainda precisa ser feito.
As razões para essa baixa presença feminina são diversas.
Fatores culturais, responsabilidades familiares e o preconceito de gênero ainda são grandes obstáculos para as mulheres na ciência.
Um exemplo claro disso é a descoberta feita por Nettie Stevens sobre os cromossomos sexuais, que foi ignorada por muito tempo porque foi realizada por uma mulher. Isso mostra como as contribuições femininas frequentemente foram desvalorizadas e esquecidas.
A importância da diversidade de gênero na ciência
A presença de mulheres e meninas na ciência não é apenas uma questão de justiça social, mas também é essencial para a qualidade da pesquisa científica.
Conforme o Gender Summit (2021), a diversidade de gênero é fundamental para trazer diferentes perspectivas e ideias para a resolução de problemas. A falta de representatividade feminina pode resultar em soluções menos inclusivas e menos eficazes para questões que afetam a sociedade como um todo.
A igualdade de gênero nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é especialmente importante para o desenvolvimento econômico e social. Segundo a UNESCO, em 2050, cerca de 75% dos empregos serão relacionados a essas áreas. Por isso, é urgente que mais meninas e mulheres se interessem e se envolvam nessas áreas desde a infância.
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é celebrado em 11 de fevereiro, desde 2016. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas para aumentar a conscientização sobre o papel crucial das mulheres na ciência.
As mulheres representam apenas 33,3% dos pesquisadores no mundo e apenas 12% delas pertencem a academias científicas nacionais. Em áreas como tecnologia e inovação, a situação é ainda mais alarmante, com as mulheres sendo uma em cada cinco profissionais.
Esse dia é uma oportunidade para lembrar que a igualdade de gênero é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. A inclusão das mulheres na ciência e tecnologia é vital para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta e para promover a paz e o progresso global.
Mulheres na tecnologia
Embora tenha havido avanços, o setor de tecnologia continua sendo dominado por homens. A baixa participação feminina em áreas como Engenharia, Matemática e Tecnologia da Informação ainda é um grande desafio. A falta de representatividade feminina nas empresas de tecnologia pode limitar a inovação e a diversidade de ideias no setor. Portanto, é crucial criar oportunidades para que mais mulheres ingressem e se destaquem nessas áreas.
Como Mudar Esse Cenário?
Para aumentar a igualdade de gênero na ciência, é essencial começar com a educação básica. Muitas vezes, as meninas são desencorajadas, desde cedo, a seguir carreiras científicas, devido a estereótipos de gênero presentes na cultura e nas famílias. As escolas têm um papel fundamental em quebrar esses paradigmas e mostrar que as meninas também podem seguir profissões na ciência.
Algumas ações importantes para incentivar as meninas a seguir carreiras científicas incluem:
- Mostrar o impacto da ciência na sociedade: as meninas querem mudar o mundo, e a ciência é uma forma poderosa de transformar a sociedade. Mostrar como a pesquisa pode ajudar a resolver problemas reais pode inspirá-las a seguir essa carreira.
Um bom lugar para começar é através dos nossos artigos, “5 mulheres que se destacaram e mudaram o rumo do mundo da TI” e “Mulheres programadoras que você precisa conhecer” onde falamos sobre quem são algumas das mulheres que revolucionaram e estão revolucionando suas áreas.
- Elogiar os feitos das meninas: estudos mostram que, desde cedo, as meninas tendem a acreditar que são menos capazes do que os meninos. Elogios e reconhecimento dos seus esforços são essenciais para construir confiança e encorajá-las a seguir em frente.
- Promover a colaboração, não a competição: ao invés de incentivar competições entre meninas, deve-se promover a colaboração. Trabalhar juntas para criar soluções inovadoras fortalece o espírito de união e empoderamento entre as mulheres.
- Proporcionar experiências práticas: a prática é essencial para o aprendizado. Oferecer workshops, atividades em laboratórios e outras experiências reais podem despertar o interesse das meninas pela ciência e estimular suas habilidades.
No nosso artigo “5 Iniciativas criadas por mulheres para o desenvolvimento na tecnologia” falamos um pouco sobre projetos criados e voltados para mulheres que querem se inserir na área da tecnologia.
A inclusão das mulheres e meninas na ciência é essencial para o progresso da sociedade e para a inovação científica.
Para alcançar a igualdade de gênero nas áreas científicas e tecnológicas, é necessário investir em educação, criar oportunidades de incentivo desde a infância e valorizar as contribuições das mulheres.
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência serve como um lembrete de que, para desenvolver uma ciência mais justa e eficiente, é necessário garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que a diversidade de gênero seja respeitada em todos os campos científicos.